22 agosto, 2012

Capítulo 6: 1951 a 1960 – Contestação a Lisboa; a “dobradinha” (Parte XV)

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FCPorto – Dragões de Azul Forte
Retalhos da história, conquistas e vitórias memoráveis, figuras e glórias do
F. C. do Porto

Capítulo 6: 1951 a 1960 – Contestação a Lisboa; a “dobradinha” (Parte XV)

Época 1954-1955 (continuação)

Jogos particulares do FC Porto – Época 1954-55
Como vimos, para além da excelente vitória no novo Estádio da Luz, o FC Porto bateu e goleou o fortíssimo Real Madrid. Entretanto, terminados os jogos das competições oficiais, o intercâmbio com clubes brasileiros prosseguiu em três jogos disputados nas Antas. Em todos eles os portistas venceram e os resultados não deixaram dúvidas quanto à superioridade evidenciada. Voltava a pôr-se a questão: por que razão o FC Porto levava de vencida possantes equipas estrangeiras e baqueava, por vezes, perante grupos nacionais de fraca expressão futebolística?! Nenhuma outra equipa portuguesa conseguia as vitórias que o FC Porto obtinha em compita com equipas estrangeiras! Veja-se que, por exemplo, antes de perder no Porto por 2-5, o Real Madrid havia vencido o Benfica (2-0), na Luz, em 8 Dez.1954.
Não se compreendia, pois, o insuficiente desempenho doméstico de uma equipa composta de jogadores de enorme potencial. Ou, no mínimo, algumas razões conhecidas não eram bastante para explicar o fraco rendimento entre portas?

Uma equipa da época (1954-55) que protagonizou vitórias sobre grandes grupos estrangeiros
Em primeiro plano (esq. para a dir.): Hernâni, Monteiro da Costa, António Teixeira, Perdigão e José Maria;
Em segundo plano: Barrigana, Virgílio, Ângelo Carvalho, Pedroto, Porcel, Sarmento e Acúrcio.

• Andebol de 11 (1954-1955) – 7.º título consecutivo! O êxito no andebol continuava a ser motivo de grande orgulho para os adeptos portistas!






Fernando Vaz – Fernando Gomes Ribeiro Vaz (n. Benguela, Angola, 5 Ago.1918 – m. Lisboa, 25 Ago.1986) – A história de Fernando Vaz cruza-se com a do "mestre" Cândido de Oliveira, que considerava como o segundo pai e de quem foi o mais fiel e respeitador discípulo no futebol e no jornalismo.
• Casapiense, como Cândido, jogou futebol nos "gansos" e integrou a equipa que, em 1938-39, se estreou no Campeonato da 1.ª Divisão. Aos 22 anos deixou de jogar e aos 26 já escrevia no Diário de Notícias e na Stadium. Mais 2 anos e era redactor e depois chefe-de-redacção de A Bola.
• Em 1948 iniciou a carreira de treinador, como adjunto do "mestre", no Sporting. Em 1951 passou a orientar o Vitória de Setúbal, como treinador principal. Depois o Braga, onde se celebrizou com as vitórias de 5-0 sobre o Benfica e o Sporting. A sua carreira prosseguiu como treinador da Selecção (Cândido de Oliveira era o seleccionador).
• Sempre ligado ao "mestre", antecedeu-o e sucedeu-lhe no FC Porto. Fernando Vaz esteve nas Antas durante menos de um mês da época 1952-53 (substituiu o italiano Lino Taiolli) cedendo o seu lugar ao amigo Cândido. Ainda por indicação deste, voltou ao FC Porto para a época 1954-55.
• Fernando Vaz, que se distinguiu como raro perfeccionista do futebol, esteve associado ao histórico jogo amigável, disputado no Estádio das Antas, com o Real Madrid do prodigioso Di Stefano. A vitória do FC Porto, por 5-2, foi um feito assinalado em toda a Europa, pois a equipa madrilena era a melhor do Velho Continente.
• Mas um desempenho competitivo medíocre com um 4.º lugar no Campeonato e a eliminação nos oitavos-de-final da Taça de Portugal, nas Antas, ante o Lusitano de Évora, ditaram o seu afastamento no fim da época 54-55 e a chegada de um treinador que haveria de ser… Campeão!
• De seguida, Vaz passou por diversas equipas nacionais: Caldas, Vitória de Guimarães, Belenenses, Sporting, CUF e, de novo, Vitória de Setúbal onde ganhou 2 Taças de Portugal (1964-65 e 1966-67). Voltou ao Sporting tendo aí conseguido o único título de Campeão Nacional do seu currículo (1969-70) e vencido uma Taça de Portugal.
• Em 1972 foi treinar a Académica e encerrou a carreira de técnico em 1979, no Marítimo, para se dedicar por inteiro à sua outra paixão: a escrita e o jornalismo. Ainda teve tempo de, com Pedroto, se empenhar na formação de um Sindicato de Treinadores e de, eleito pelo PS, ser vereador da Câmara Municipal de Lisboa.
Carreira no FC Porto
29 Dez.1952 a 23 Jan.1953; 1954-55

Dieste – José Martínez Dieste (n. Noia, Galiza, Espanha, 19 Mar.1929 – m. Santo Tirso, ??) formado no Desportivo da Corunha, jogou ali entre 1948 e 1950. Depois veio para Portugal tendo passado por diversos clubes. Saiu do Tirsense para ingressar no FC Porto.
• Futebolista de qualidade, em Espanha actuava na posição de médio. Chegou ao FC Porto para ocupar um lugar na linha avançada, mas não se impôs num plantel recheado de valores. Fez 11 jogos na época 1954-55 (9 no Campeonato, 2 na Taça de Portugal) e não concretizou nenhum golo.
• Abandonou o FC Porto no final da referida temporada de 1954-55, tendo jogado depois em equipas de fraca expressão no panorama futebolístico nacional. De 1959 a 1961 foi treinador-jogador do Feirense. Casou com uma senhora de Santo Tirso onde viveu durante muitos anos e onde faleceu.
Carreira no FC Porto
1954-55.

Joaquim Machado (n. Leça da Palmeira, 22 Fev. 1923 – m. ???), defesa ou médio defensivo, jogou na equipa de honra do FC Porto durante 9 épocas.
• Sempre muito activo em campo, procurava que a bola saísse jogável para os pés dos companheiros. Em 6 de Maio de 1948 participou na célebre vitória portista (3-2) sobre a melhor equipa do Mundo, o Arsenal de Londres (campeão de Inglaterra), no Estádio do Lima. Joaquim, como era conhecido entre os adeptos, esteve nos três golos do FC Porto, marcados por Araújo e Correia Dias (2), com passes que definiam a sua classe.
• Na década de 40 jogou com excelentes futebolistas como os já citados Araújo e Correia Dias e, entre outros, Pinga, Barrigana, Pocas, Guilhar, Catolino, Gomes da Costa, Lourenço e Alfredo Pais.
• Na década de 50 fez parte de equipas de grande nível que, infelizmente para ele, não conquistaram qualquer título nacional. Precisamente na sua última época ao serviço do Clube, jogou com colegas que haveriam de ser Campeões na temporada seguinte, entre os quais Pinho, Virgílio, José Valle, Miguel Arcanjo, Cambalacho, Monteiro da Costa, Pedroto, Hernâni, António Teixeira, José Maria, Carlos Duarte e Fernando Perdigão. Como Joaquim Machado merecia também a faixa de Campeão!
• Num período em que o FC Porto trocava frequentemente de treinador, trabalhou com técnicos portugueses e estrangeiros, conheceu métodos diferentes, filosofias de jogo diversas. Eis a longa lista de treinadores que Joaquim serviu com entrega e dedicação inexcedíveis: Joseph Szabo, Carlos Nunes, Eladio Vaschetto, Alejandro Scopelli, Alberto Augusto, Augusto Silva, Artur de Sousa "Pinga", Francisco Reboredo, Anton Vogel, Dezso Gencsy, Pasarín, Lino Taioli, Cândido de Oliveira e Fernando Vaz.
• Como reconhecimento do seu valor foi por 2 vezes chamado a representar a Selecção Nacional: no Portugal – República da Irlanda (2-0), 23-5-1948, Lisboa (jogo amigável) e no França – Portugal (3-0), 20-4-1952, Colombes, França (jogo amigável). Neste encontro também alinharam Barrigana e Ângelo Carvalho (Machado foi substituído aos 46 minutos por Pedroto que jogava no Belenenses e viria para o FC Porto meses depois).
• Joaquim Machado fez 218 jogos pelo FC Porto e marcou 23 golos. Deu muito ao Clube que representou com honra e galhardia.
Carreira no FC Porto
1945-46 a 1952-53; 1954-55
Palmarés
2 Campeonatos do Porto (1945-46 e 1946-47)

Romeu – Manuel da Silva Romeu (n. ???), avançado português que se estreou no FC Porto em jogo na Covilhã, contra o Sporting local (2-2), em 24 Abr.1955, marcando o seu único golo em competições oficiais com a camisola azul-e-branca vestida. E fez apenas dois jogos enquanto permaneceu nas Antas (1954-55 e 1955-56). Na segunda e última época porque alinhou, curiosamente, noutro Sp. Covilhã 2 – FC Porto 2 também do Campeonato, teve direito à faixa de Campeão. Sorte para ele já que pouco fez para a merecer. Aliás só se lhe dá aqui algum destaque por uma razão, ou melhor, por… quatro razões: foi o primeiro de 4 futebolistas de nome ROMEU que representaram o FC Porto (dados de Julho/2012); a seguir ao Manuel Romeu iremos conhecer, em períodos distintos, o brasileiro Romeu Gibim e os portugueses Romeu Fernando Fernandes da Silva e Romeu António Soares de Almeida.
Deste Romeu, sabe-se que jogou no Vitória de Guimarães entre as épocas 1958-59 e 1962-63.
Carreira no FC Porto
1954-55 e 1955-56
Palmarés
1 Campeonato Nacional (1955-56)

Ângelo Sarmento (Sarmento II) – Ângelo Maria Bastos Rodrigues Sarmento (n. Cedofeita, Porto, 1 Fev.1934) filho de uma família burguesa e abastada de Cedofeita (com mais seis filhos), ingressou nas escolas de futebol do FC Porto na Constituição.
• O seu lugar preferencial era na defesa e assim se distinguiu na equipa que, pela mão do “mestre” Artur Baeta, conquistou na época de 1952-1953 o primeiro Campeonato Nacional de Juniores para o clube. Na época 1954-55 foi promovido à equipa principal e alinhou em 4 jogos seguidos do Campeonato (3.ª à 6.ª jornada) ao lado de excelentes e consagrados defesas e médios como Virgílio, Cambalacho, Ângelo Carvalho, Porcel, Eleutério, Joaquim Machado e Pedroto.
• Não esteve na “dobradinha” de 1955-56, mas regressou na temporada seguinte ao FC Porto para se sagrar vencedor de duas competições em épocas diferentes: Taça de Portugal (1957-58) e Campeonato Nacional (1958-59).
• Ângelo Sarmento era irmão mais velho de Albano Sarmento, com ele se iniciou nas escolas portistas, com ele foi campeão júnior e juntos transitaram para os seniores. Neste escalão, curiosamente, apenas por uma vez alinharam na mesma equipa em jogos oficiais: na final da Taça de Portugal, 1957-58, que o FC Porto conquistou frente ao Benfica. Nas quatro temporadas ao serviço do FC Porto, só envergou a camisola azul-e-branca em 17 jogos oficiais, 5 dos quais para a Taça de Portugal.
Carreira na equipa sénior do FC Porto
1954-55; 1956-57 a 1958-59
Palmarés
1 Campeonato Nacional (1958-59)
1 Taça de Portugal (1957-58)

Albano Sarmento (Sarmento I) - Albano Maria Bastos Rodrigues Sarmento (Cedofeita, Porto, 2 Ago.1935 – m. Ramalde, Porto, 9 Nov.2000) com o irmão Ângelo começou a praticar futebol nas escolinhas de Artur Baeta, na Constituição.
• Defesa ou médio defensivo era um dos mais influentes jogadores da equipa de Juniores do FC Porto que se sagrou Campeã Nacional em 1952-53. Fisicamente muito parecido a seu irmão e colega de clube, os dois eram tidos como gémeos pelos adeptos portistas. Mas Ângelo tinha mais um ano e meio de idade. Inicialmente fizeram um percurso desportivo idêntico; ambos ascenderam à equipa principal em 1954-55; depois o trajecto foi diferente, ainda que, juntos, tenham vencido a Taça de Portugal (1957-58) e o Campeonato Nacional (1958-59).
• Na final da Taça teve a oportunidade de, por uma única vez, ter jogado na equipa principal com o irmão. O FC Porto, orientado por Otto Bumbel, alinhou assim no Jamor:
Pinho; Virgílio, Miguel Arcanjo e Barbosa; Ângelo Sarmento e Albano Sarmento; Carlos Duarte, Gastão, Hernâni, Osvaldo Silva e Perdigão.
• Albano Sarmento esteve 6 épocas nas Antas. Disputou um reduzido número de jogos oficiais – 24 – três deles na Taça de Portugal. Marcou 3 golos no Campeonato da temporada 1956-57. Após abandonar o futebol dedicou-se às empresas da família. E foi no exercício da actividade empresarial que faleceu em Novembro de 2000.
Carreira na equipa sénior do FC Porto
1954-55 a 1958-59; 1960-61
Palmarés
1 Campeonato Nacional (1958-59)
2 Taças de Portugal (1955-56 e 1957-58)
Não pôde ser considerado Campeão Nacional em 1955-56 por não ter realizado nenhum jogo no Campeonato.
  • No próximo post.: Capítulo 6, 1951 a 1960 – Contestação a Lisboa; a “dobradinha” (Parte XVI) – Época 1954-55 (continuação); HISTORIAL DO HÓQUEI EM PATINS NO FC PORTO; modalidade campeã! O primeiro título: (Campeonato Metropolitano da 2.ª Divisão).



Caros Leitores: por razões de natureza pessoal vou interromper a minha colaboração no blogue por um período de entre 4 a 6 meses. Ficará suspensa a publicação nesta e noutras rubricas de que sou autor ou co-autor, mas continuarei a trabalhar nos respectivos projectos: “FC Porto – Dragões de Azul Forte” (História do Clube) e “Manto Azul e Branco” (História dos equipamentos do FCP). Pelo que, asseguro-vos, a continuidade da publicação está garantida logo que regresse ao V/convívio.

Aproveito o ensejo para agradecer a todos – estimados leitores e companheiros do blogue – a atenção que sempre me dispensaram. E enviar um apertado abraço ao meu Amigo e Presidente, o “Mestre” BlueBoy. Peço desculpa e compreensão para este interregno. O tempo passa depressa…

Até breve.

Grande abraço, saudações portistas e BIBÓ PORTO, carago!

2 comentários:

  1. Esta é uma fase da vida do F. C. Porto que naturalmente não vivi, nem tendo recordações pessoais, sequer (tinha escassa idade; às tantas ainda nem tinha deixado bem a chupeta... que ao tempo era artesanal... ), mas é como se tivesse vivido intensamente, pelo que fui ouvindo, lendo e estudando. Um período de que gosto especialmente, pela geração dourada que trouxe Portismo à população, que possivelmente influenciou gerações seguintes.

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  2. É muito estranho que o FC Porto ganhasse a Arsenal, Real Madrid e outros colossos europeus e escorregasse frequentemente entre portas. Pois… nós conhecemos algumas das razões. Basta ter lido a História.
    Beijinho.
    BIBÓ PORTO!

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